Por que você insiste em dizer que ainda existe vida sem você?

Sinto tua falta, o vazio da tua ausência. O silêncio que toma o lugar que um dia foi da tua voz. O calor da tua presença agora foi substituído pelo frio da minha solidão. As tuas palavras que me acalmavam, me envolviam, se foram, e abriram caminho para os gritos da minha alma, os suspiros do meu coração e as lágrimas que invadem minha mente. Tua partida abriu um buraco que eu tento tapar com minha face aparentemente calma, calma demais para a qual um dia por ti sorriu sem esforço. E eu nem sabia que era livre assim. O tempo foi passando e fui convivendo com ele, me acostumando a não ter você sempre comigo. Os dias passam tão lentos longe de ti, tão preguiçosos, que não notei que te deixei ir embora. Fiquei pasma, observando você se afastar, levando consigo a minha alegria e a vida que por ti eu daria. Sumiu tão rapidamente que não sabia se iria voltar. Esperei, e você não veio. Nem sei se um dia virá. E eu sei que se você não vier até mim, a culpa será minha, mesmo que inconscientemente. Como sempre. Ultimamente não noto minha vida passar, os dias vão e vem só por obrigação. Quando percebo, olho para fora e já escureceu. Mais um dia se foi, e eu deixei que fosse sem fazer nada. Não tenho vontade, não tenho percepção. Não tenho o ânimo que tinha quando você estava aqui. Não vivo mais, e nem me dou conta. Não sei o que esperar de você. Não sei o que esperar de mim. Isso não é certo, e isso jamais dará certo. Eu sei, eu sempre soube. E o buraco que cresce dentro de mim, cada dia mais me puxa para dentro dele. Me cega com sua escuridão. Assim como a noite, que me envolve com seus braços serenos e sussurra que isso vai passar. Que isso vai ir embora, assim como você foi.